sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Fan FiC - Capitulo 02

Posted by Paula Renata on 09:38

Eu fiquei surpreso e totalmente interessado, a mudança que eu queria tinha finalmente aparecido. Pensei nas possibilidades, pois seria uma forma de proteger minha avó e muita gente mais.
_Você, qual o seu nome rapaz? – disse o homem quebrando o silêncio.
_Jasper Whitlock, senhor. – disse rapidamente.
_ Gostaria de servir ao seu estado, Jasper?
Sim, claro, imediatamente eu queria dizer, mas tinha certeza que Sophie desaprovaria. Então não respondi nada e o silêncio se estendeu.
_ Sim, eu compreendo, não é uma decisão de imediato. – Continuou o coronel bigodudo, quebrando o silencio mais uma vez. – Estou com todas as outras informações aqui.
Ele tirou uma carta de dentro da bolsa e me entregou. Peguei o papel, mas continuei o silêncio.
_ Como eu disse, todas as informações estão nesse envelope. Conto com você rapaz, o seu estado precisa de você. – Ele disse me encarando, então olhou para Sophie e em minha direção novamente e finalizou virando as costas, com um movimento esquisito: - Tenham um bom dia.
Fechei a porta, ainda perdido em pensamentos. Sophie me olhava de uma maneira desesperada.
_ Filho, você não está pensando em... – Ela nem terminou a frase, sentou no sofá mais próximo da porta e escondeu o rosto entre as pequenas mãos. Eu abaixei em sua frente
_ Eu nunca vou abandonar a senhora. Eu a amo – disse beijando sua testa, - acalme-se, por favor.
_ Eu não conseguiria suportar a idéia de perder você, filho. Você é tudo que tenho, tudo que me motiva a agradecer a Deus todos os dias ao abrir os olhos pela manhã - Disse ela, pequenas lágrimas se formando. Ela continuou:
_ Sua mãe se casou jovem, um pedaço de mim havia ido embora com ela. Eu estava triste e logo depois seu avô faleceu, me senti vazia, completamente só. Passei dois anos apenas existindo, foi quando a sua mãe anunciou que estava esperando um bebê. Fiquei feliz com a notícia, até me mudei para uma casa mais perto da sua família. Uma criança sempre trás esperança e alegria para a família – Ela pausou enxugando as lágrimas. Eu já sabia o fim dessa história, minha mãe tinha caído e perdido a criança.
Eu não sabia onde Sophie queria chegar me contando essa história.
_ Vó, eu não entendo...
_ Você conhece a história, não é?!
_ Sim, mas eu não... – comecei, mas ela me interrompeu.
_ Deixe-me terminar, sim?! – Eu apenas acenei. – Depois que sua mãe perdeu o primeiro bebê, ela sofreu muito e esperou três anos para conseguir arrumar forças e perder o medo para conceber uma criança. Nessa época, eu já havia me acostumado com a solidão, mesmo morando perto de seus pais, eu não tinha o direito de me tornar um estorvo no casamento deles, e foi quando você nasceu. Uma criança belíssima, que hoje se tornou um lindo rapaz...
Tudo isso tinha ver com minha possível decisão de me juntar ao exército?  Seria essa uma tentativa de me fazer desistir de uma possível mudança? Eu não queria magoá-la, mas eu preciso muito disso, quero muito ajudar as pessoas e a única maneira que estava no meu alcance era me alistar no exército, para assim, protegê-las.
A única coisa que me passava pela cabeça agora, é que eu preciso convencê-la de que eu posso ser soldado, posso participar dessa guerra e isso não será pra sempre. Eu voltarei para essa casa, mas eu preciso dessa experiência na minha vida. Preciso conhecer algumas coisas
_ Por favor, vó. Eu entendo a senhora...
_ Jasper, depois do acidente com seus pais, eu passei a amá-lo cada dia mais. Há 17 anos, você é tudo que eu tenho. – Seus olhos eram tristes, eu não sabia ao certo o que dizer, eu me sentia triste como ela, mas eu precisava confortá-la.
_ Eu amo você – eu disse – você é a família que eu tenho, nem tem como agradecer tudo o que a senhora fez por mim durante esse tempo, e saiba que se eu for me alistar, eu poderei ajudar pessoas como nós, eu quero isso. –  a abracei – E eu prometo voltar pra casa.
Ela acenou e deu um meio sorriso, eu sorri de volta, mostrando confiança, beijei sua testa e subi pro meu quarto.

Eu estava cansado, não fisicamente, mas mentalmente. Hoje eu ainda iria ajudar no armazém da cidade, então precisava relaxar um pouco e decidi que um banho seria a melhor opção.
A água caia em meu corpo de uma maneira relaxante, tranqüilizadora. Deixei minha mente vagar em todas as possibilidades que teria: Se eu ficasse, iria passar o resto da minha vida aqui, provavelmente arrumar algum emprego na cidade ou simplesmente cuidar de cavalos. Mas se eu me alistasse, eu poderia dar o meu melhor em ajudar as pessoas necessitadas, ser reconhecido pelos meus superiores e quem sabe algum dia ser Coronel, como o velho bigodudo ou até General.
Minha mente ainda estava distante, então a água começou a ficar fria, então eu percebi que tinha passado tempo demais aqui pensando. Eu estava determinado em ser um militar, mas eu não sabia como deixar a minha pequena Sophie. Ela era tão indefesa, cuidou de mim por tanto tempo, agora era minha vez de retribuir o favor.  Talvez meu sonho de general fosse um pouco egoísta. Eu iria participar dessa guerra, mas depois voltaria para casa, como prometido.
Envolvi-me em uma toalha e finalmente agora, com a decisão tomada, fui abrir o envelope, que dizia o seguinte:
Venha servir ao exército Confederado e trazer honra á sua família.
O Texas está em acordo e pretende se juntar aos seis Estados do Sul dos Estados Unidos da América - Alabama, Carolina do Sul, Flórida, Geórgia, Louisiana e Mississipi para defender nossos ideais e garantir nosso desenvolvimento.

No comunicado havia o local e o horário do recrutamento, mas uma pequena frase em letras menores me chamou a atenção e me desanimou um pouco:
*Recrutamento apenas de jovens do sexo masculino e maiores de 20 anos
E aí se complicou tudo, eu havia feito 17 anos a pouco tempo. Poderia eu mentir? Seria possível acrescentar três anos á minha idade verdadeira? Tinha pouco tempo pra pensar, precisava dar um jeito nisso. Não iria perder o sonho da minha vida, minha oportunidade de glória por míseros 3 anos.
Eram quase 8h da manhã. Desci as escadas novamente, mas dessa vez, correndo. Sophie ainda estava sentada no sofá, pensativa.
_ Tô saindo, até mais tarde – Beijei-lhe a testa.
_ Que Deus lhe acompanhe querido.
Eu sorri e fui em direção ao quintal. Assim que saí pela porta avistei meu cavalo inquieto, fazia um bom tempo que não corríamos, então decidi ir até o armazém á cavalo. Meus pais tinham uma égua que morreu á pouco tempo e esse meu cavalo é filho dela. Eu o vi nascer e agora ele é um dos cavalos mais rápidos da minha cidade, eu adorava correr com ele.
_Hey, amigo! Vamos dar uma volta?! - disse ao cavalo, rapidamente amarrando a cela. Essa era uma coisa que eu gostava de fazer, eu adorava cavalgar.

Em pouco tempo cheguei ao armazém do Sr. Baxtter. Eu comecei a me sentir estranho, preocupado talvez, estranho isso. Logo avistei o homem.
_ Bom dia Sr. Baxtter! – Anunciei minha entrada.
_ Bom dia rapaz – ele respondeu sem olhar pra mim, e percebi que era o Sr. Baxtter estava preocupado. Caminhei até ele.
_ O que lhe aflige senhor?


_Ah filho, você deve ter recebido a visita do velho coronel hoje de manhã, não? – Ah então era sobre isso que ele tinha medo. O Sr. Baxtter não tinha parte da perna direita, devido a um tiro que recebeu em um conflito. Tive pena dele, eu nunca o tinha visto tão abatido sobre esse assunto.
_ Sim, senhor. Ele veio até nossa casa nessa manhã.
_Pois é rapaz, esse conflito não é uma coisa muito boa, quando você for pra lá terá que tomar muito cuidado. Os soldados em campo não são muito legais, eles verão coisas horríveis e perderão a sensibilidade... – Ele continuou tagarelando, mas eu parei de prestar atenção no momento em que ele disse “Quando você for pra lá...”.  Ele deve ter lido o comunicado, e deve saber que apenas homens de mais de 20 anos poderiam se alistar, então significa que ele acha que eu tenho mais de 20. Isso me deu vontade de sorrir, mas mantive a expressão, fingindo prestar atenção no que o homem estava tagarelando. – Enfim, rapaz. Voltemos ao trabalho. Ah mais uma coisa, Marissa passou o fim de semana todo perguntando de você. Vá falar com ela, pelo amor de Deus, essa garota não para de falar de você.
_Pensei que ela estivesse na casa da madrinha, senhor. – Respondi, não queria falar com Marissa, não mesmo. Ela era uma garota legal, mas essa paixão louca que ela dizia sentir por mim, me irrita profundamente.
_Ela voltou semana passada. – Virando-se para a porta, ele disse por cima do ombro.
Droga!
_Sim, senhor, entendi.
Droga!
Não tive tempo nem de colocar o avental de trabalho antes de Marissa aparecer na porta. Mas dessa vez por algum milagre ela não pulou em cima de mim. Obrigado Deus.
_Jasper? – Ela chamou.
_Sim? – Respondi .
_Você vai se alistar não é verdade?!
_Porque você acha isso?! – Essa pergunta era boa, ela era mais uma pessoa que achava que eu tinha mais de 20 anos! Aeee!
_Você tem cara de soldado, cara de gente que arriscaria uma perna como meu pai, ou mesmo a própria vida pra sair desse vilarejo. – Ela explicou com uma expressão triste. Senti um total impulso de confortá-la, mas me mantive calado, do jeito que ela era, era capaz de deduzir palavras de conforto como uma promessa de casamento.
_Sim, eu vou. Mas o principal objetivo não é sair desse vilarejo. – Bem, em parte era, mas ela não precisava saber disso. – Eu quero ajudar pessoas.
_É, que seja! Vou precisar de outro namorado, já que você vai morrer lá mesmo. Isso é triste, pois teríamos filhos lindos. – Ela disse com ar de zombaria, o jeito dela de sempre, mas eu não deixei de notar o desapontamento na voz dela. – Enfim, boa sorte lá, acho que não verei mais você.
Desde quando eu era seu namorado? já que eu vou morrer lá mesmo, como assim? Não respondi nada, não precisava responder. Apenas acenei e me virei.
Comecei a trabalhar, pensando que todas as coisas na vida têm seus prós e contras. Se eu ficar, vou repor estoques de alimentos pelo resto da vida, se eu for talvez eu possa ter uma vida melhor e dar uma vida melhor para Sophie, e se eu for e me sair bem sendo reconhecido e conquistando promoções na carreira militar, eu com certeza terei uma vida melhor e darei uma vida melhor para Sophie. Então minha discussão comigo mesmo chegou ao fim, eu iria me alistar, independentemente dos riscos.

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Gostaram? Comentem =)

obrigada também, Bruna Andrade pelo banner de hoje *_*

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